segunda-feira, 2 de julho de 2007

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Há grilo na panela!

- “Juro cumprir com lealdade as funções que me são confiadas”.
Juro estar alerta, de orelhas atentas à voz do gramofone.
Juro ter cem ouvidos de captação selectiva.
Juro ter uma boca que só bichana junto de ouvidos interessados e nunca revela a minha opinião pessoal.
Juro combater o sentido de humor, em mim mesma e no próximo.
Juro não rabiscar fotocópias, na falta dos originais…
Ju….

- ………!!!!!!!
- Quê? Estou despedida? Despedes-me com justa causa???
- ………
- Péra lá: tu conheces-me há tantos anos e fazes uma coisa dessas?
- ………
- Ah, é por isso mesmo? Ó consciência insuportável, tu….
- ………
- Separamo-nos como? Calma aí, não podemos viver uma sem a outra!...Não faças cenas, amamo-nos, eu e tu somos uma…e isto é um amor para a Eternidade, já nem todos têm a sorte de o sentir e viver…nós somos o que se chama...
- ………
- Ai não? Ai não? Só a ti devo lealdade e fidelidade? Tás a fazer uma cena de ciúmes, minha, só pode….Bem, isso já se usa pouco, és mesmo antiga…
-……….
- Á antiga quero eu viver? Ai é? Eu?? Eeeeeuuuuu???? Se me voltas…
- ………
- ?????
- bip-bip-bip-bip…….

- Olhem, desligou!!!...Esta agora!... Se as consciências já podem ir para onde lhes apetece, passamos a viver divididos…clivamos ou pior….Aaiiiiiiii….estou a ficar de pau…o nariz estás a crescer….Papai! Papai Gepetto, tira-me daqui!....

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Sopa do Dia


A campainha da porta espirrou um guincho, emitido sete andares mais abaixo.
-Quem é?
-Quem é? – replicaram duas ou três vozes, no telefone de porta.
-Publici…
Pouso rapidamente o auscultador. Não abro, pronto, levanta-se uma pessoa e larga o que está a fazer, para isto! Meia volta e vamos ao que interessa.
A meio do corredor, outro toque, vagamente musical.
-Sim?
-É de casa do Sr……
-Sim.
-Ele está?
-Não.
- Posso falar com a esposa?
-Sim.
- Boa tarde, Srª…… O meu nome é…e estou a ligar porque o seu número de telefone foi seleccionado para…
- Não!...
-……..Como?
-Não. Não estou interessada…
-Mas….
Desligo rapidamente, enquanto posso fugir. Não e não, repito! Não me vou deixar apanhar em ratoeiras destas, sou esperta que baste, eh, eh…

De um salto alcanço de novo ao meu podium, junto à mesa de trabalho.
Onde é que eu ía? Ah, sim…estava a escrever… sobre quê?

O homem da publicidade. Não abri a porta e fiz bem, sei lá quem ele é, a atulhar-nos as caixas do correio, que praga…pois…mas se todos assim fizessem, ele não se livraria das pagelas de anúncios…voltaria com o saco cheio e o anunciante não lhe pagaria a tarefa…ou iria despejá-lo no papelão e receberia a paga de um serviço não prestado…
Honestidade sem jantar ou jantar sem honestidade, eis a questão…
E a operadora do concurso-fantoche? É preciso estofo para tal trabalho…deve encontrar cada um!... Acabou de me encontrar, por exemplo…pois…será que ganha à comissão, sobre as entrevistas realizadas?...Olha, comigo não se governou…

Dói-me por aqui, algures, deve ser o estômago. Há coisas para as quais não tenho estômago. Digestões difíceis, não se dá com tudo… mas o homem da publicidade….
(- Epa!, outra vez, não! )
Pois… arranjar trabalho está cada vez mais difícil. A rapariga do concurso-fantoche tinha uma voz agradável, educada… poderia fazer outra coisa, talvez…
(- Epa!, ainda? – irra…)


Trrriiiiimmmm!!!
……..
Ding-Dong!
…..
- C.L., boa tarde! Recebeu a nossa revistinha? Já escolheu??
- Não, não tive tempo…Tem de ser agora?
- Convinha…só posso voltar a passar daqui a umas semanas…faço esta volta quando estou no turno da noite, no meu trabalho, sabe…
Sei.
Abro o catálogo e escolho (?) o livro em que o dedo cai desamparado. O tema não me é totalmente estranho, mas desconheço o autor…Pronto, é este! Muito bem, já está…pode ser este…

A dor no estômago está a passar. Bebi um chá . Esperta, eh, eh, eh…. Quem me mandou molhar o pão na sopa de pedra(s)?

Nada como a sopa...para começar

Nada como a sopa. Cabe lá tudo. Numa panela com água de aspecto inofensivo, podem entrar todos os legumes da horta, ervas de cheiro vadias, enchidos e gorduras, temperos, massas variadas. Tudo se transforma no grande caldeirão, tudo surpreende pela cor, pelo sabor, pelo aroma, pela textura, pela temperatura.
Umas vezes, boa sopa, terna e reconfortante…Outras, gelada sopa, insonsa e deprimente…
“Caiu como uma mosca na sopa”, “temos o caldo entornado”, “cheira-me a esturro” são expressões que me garantem esta estreita intimidade, tão nossa, de cada um com a sopa que lhe coube em sorte. Ou nem isso.

Adivinhem, pois: estou com vontade (por quanto tempo?) de trazer para aqui, bem misturados, os ingredientes que todos os dias descubro no cabaz, cozinhados com massinhas de letras (ou, mais provavelmente, massa de letrinhas).

Se não for ao paladar, é fácil: basta apenas “dar sopa” no discurso!

terça-feira, 26 de junho de 2007

Boa Sopa!...

Perdão: Boa noite! Apesar de até a noite, por vezes, ser de caldo entornado...